Outro pequeno clã de rhomá originário da Romênia, embora hoje com presença marcada também na Hungria, Bulgária, Turquia, Sérvia, Holanda, Itália e França. Vivem, principalmente, do cultivo e do comércio de flores, como o nome deixa implícito. A palavra romena “floare” significa justamente flor.
Há pouca informação disponível sobre este clã, de maneira que eu não fui capaz de localizar dados demográficos ou sobre a língua em parte alguma. Mas é possível imaginar que a história de outros pequenos clãs se repita aqui – eles provavelmente descendem de um dos clãs maiores, absorveram o ofício durante a escravidão e, salvo poucos integrantes do grupo, a maioria já não deve falar o romani.
É claro que, em virtude das circunstâncias, não posso afirmar nada disso com 100% de certeza, mas, uma vez que se conheça certos marcadores sócio-culturais, é possível conjecturar com razoável segurança. Os rhomá, sendo nômades, nunca foram afeitos à agricultura. Logo, desenvolver o ofício do cultivo de flores apenas seria possível durante um período de forçada sedentarização – a escravidão. E um grande número de rhomá europeus já não fala o romani por um motivo muito simples – no contexto de uma sociedade em que o nomadismo se torna a cada dia mais impraticável e a assimilação cultural parece inevitável, o romani é uma língua em notório processo de extinção.
Esta é uma realidade terrível, que somente poderia ser remediada por um profundo processo de conscientização dos jovens rhomá, conscientização do valor e da necessidade da preservação do próprio patrimônio cultural. Esta é uma missão da nossa geração. Se seremos bem-sucedidos ou não é uma pergunta para a qual apenas ananke (o destino) sabe a resposta.
Acredito que cobrimos bem o grupo Rom, com seus clãs ou subgrupos. Naturalmente, algumas denominações não mencionadas poderão ser encontradas ao acaso em outros sites da internet, já que certamente existem outros clãs e o número de subgrupos catalogados aumenta a cada dia. No entanto, a maior parte dessas denominações refere-se a pequenos clãs, descendentes de um dos grandes aqui citados, ou são apenas nomes diferentes, relativos a distintas nacionalidades ou regionalismos, para os mesmos subgrupos de que já falamos. Os Ursari, por exemplo, ressalvadas as já discutidas diferenças regionais e de nacionalidade, também são conhecidos como Meshkare na Bulgária e Medvedara na Grécia.
Para finalizar esta seção, nós já mencionamos como, especialmente para o grupo Rom, a profissão é uma atribuição de família, quase um tabu, passada de geração a geração e do qual a intenção de afastar-se geralmente não é vista com bons olhos pela comunidade. É interessante observar como, neste sentido – e talvez de maneira não intencional – os rhomá parecem reproduzir o sistema de castas jatis da sociedade indiana, no qual a profissão está ligada de maneira indissociável ao destino (karma) da família e de todo o grupo.
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